Psicologia Histórico-Cultural
- Kai Plentz
- 21 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 6 de ago.
A PHC é uma abordagem da psicologia que foi primeiramente elaborada pelo grupo de pesquisa de Lev S. Vigotski (1896-1934), incluindo seus colegas mais próximos Alexei N. Leontiev (1903-1979) e Alexander R. Luria (1902-1977), sendo que este último ficou posteriormente conhecido como “o pai da neuropsicologia”.
Essas pesquisas se iniciam a partir de uma necessidade dos autores acima em fazer uma leitura crítica das abordagens psicológicas existentes/emergentes na época como a psicanálise de Freud, gestalt e behaviorismo.

Durante anos de pesquisa bibliográfica e experimental, e com outros núcleos de pesquisa se formando em diálogo, muitas críticas e superações de conceitos chave dentro da psicologia ocorreram, como do próprio entendimento de consciência, inconsciente, desenvolvimento, pensamento, linguagem, etc.
A PHC, se propôs, então, a entender o funcionamento dos seres humanos em sua gênese. E, com isso, possui a compreensão de que somos seres complexos, com determinações sociais, biológicas, psíquicas - com características universais e particulares da humanidade, mas, também, singulares da nossa história.
Sergei L. Rubinstein (1968/10) coloca:
“Ao falar da atividade psíquica como atividade cerebral relacionada com o mundo externo, cumpre não esquecer que o cérebro não é senão o órgão que permite o estabelecimento de uma ação recíproca entre o mundo exterior e o organismo, o indivíduo, o homem. A própria atividade do cérebro depende dessa interação entre homem e mundo exterior, da relação que se estabelece entre atividade do homem e as suas condições de vida, as suas necessidades. (…). O cérebro é somente o órgão da atividade psíquica; o homem é o sujeito dessa mesma atividade. Os sentimentos, como os pensamentos do homem surgem na atividade do cérebro, mas quem ama ou odeia, quem entra no conhecimento do mundo e o transforma é o homem, não é o seu cérebro”
O que isso significa?
Significa que nossas habilidades (principalmente as exclusivamente humanas) só as são em potencial - se considerarmos apenas nossa formação fisiológica, já que é a partir da mediação social, por meio da aprendizagem (com destaque no papel fundamental do desenvolvimento da linguagem), que elas podem atingir toda sua capacidade, se alterar, reconfigurar, realizar. É, então, a partir dessa relação dialética que a pessoa, ao internalizar a cultura, vai se constituindo.
O que também não quer dizer ignorar a função do biológico na nossa existência. Nossas capacidades só são possíveis de ser por termos um aparato fisiológico que dê suporte, possibilite o desenvolvimento; e como colocado anteriormente, ele também interfere nas demais determinações, tornando impossível ignorar seu papel e funcionamento.
Nós, seres humanos, somos, portanto, distintos de qualquer outro ser vivo, justamente pela capacidade de construção social, de criação de cultura - que formamos e também nos forma - excluindo, assim, a possibilidade de interpretações naturalistas e biologizantes sobre nossas vivências.
Sendo assim, para compreendermos o complexo desenvolvimento humano, não basta o conhecimento mecanicista sobre os caminhos que fazem as sinapses, é preciso um conhecimento amplo da realidade social, histórica e como todas as determinações já citadas se relacionam para que nos tornemos o que somos.
Referências
VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. 2009. Editora Martins Fontes.
LURIA, A. R. Desenvolvimento Cognitivo. 2017. Cone Editora.
VIGOTSKI, L. S. A Formação Social da Mente. 2010. Editora Martins Fontes.
LURIA, A. R. A Construção da Mente. 2015. Cone Editora.
RUBINSTEIN, S. L. O Ser e a Consciência. 1968. Portugália Editora.
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